Corria a manhã amena, o banalíssimo quadro do quotidiano foi interrompido por erupções da fantasia mais delirante. E a culpa é dela, da S. que partilha comigo o gabinete. Do nada demos por nós na Buenos Aires do início do século XX, que se assemelhava a uma grande capital de província, povoada de imigrantes oriundos de Palermo e da Galiza. Onde cada bairro era como uma aldeia, onde fervilhava a bisbilhotice quotidiana entre vizinhos. Tudo isto por causa do toque do telemóvel dela, um tango.
Tal como o talento de um escritor se pode medir, entre outros atributos, pela forma como utiliza as palavras para sugerir sem dizer, também aquilo que somos é revelado pela música que escolhemos para o telemóvel.
Há uma enorme diferença entre alguém cujo telemóvel toca, digamos, Despacito e outra cujo telemóvel Rammstein. Para conhecer alguém é preciso escutar-lhe o toque. É verdade que há quem opte um discreto ronronar ou vibrar (o que também muito acerca de si). Por vezes é pena é que os donos do telefone não façam uso da mesma discrição, mas isso é outra conversa.
Tem um outro ponto interessante se me permite a intromissão. Além de poder observar quem é aquela pessoa pelas suas musicas podemos tbm entender em qual momento ela vive.. Afinal nossa PLaylist muda constantemente não é mesmo? Podemos descobrir muitas coisas apenas com musicas em um telemovel haha
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Bem verdade.
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