A resposta de Antoine Leiris, jornalista francês que perdeu a mulher nos atentados de 13 de Novembro é maravilhosa. “Na sexta-feira vocês roubaram a vida de um ser excepcional, o amor da minha vida, a mãe do meu filho, mas vocês não terão o meu ódio”.
Em poucos parágrafos na sua página de Facebook, Antoine recorda a mulher por quem se apaixonou há 12 anos e diz estar arrasado pela dor, mas que esta será a “pequena vitória” que concederá aos terroristas. “Nós somos dois, o meu filho e eu, mas somos mais fortes que todos os exércitos do mundo”. A mensagem é de uma coragem luminosa, é mais fácil seguir pela senda do ódio e da raiva. È mais fácil odiar do que amar. Não é para todos seguir em frente e ser tentar ser feliz recusando o estatuto de vítima.
Com demasiada facilidade nos dias que correm se toma um gesto de amor por algo menor. Talvez pelo excesso de desconfiança e cerimónia com a qual fomos educados, a inabilidade para expressar dos afectos é um problema central numa sociedade que, em vez de olhar o outro nos olhos e o ver como pessoa, vive a espuma leve dos gostos no Facebook. Todos sabem de todos e poucos querem realmente saber de alguém. Temos medo de mostrar vulnerabilidade, de mostrar emoções, e de sermos ridicularizados. Poucos sentimentos nos tornam tão vulneráveis quanto amor, que é simultaneamente a graça de um encantamento e uma âncora que resiste a todas as tempestades, a todas as dores.
A resposta deste homem, deste pai, é enorme. A capacidade de se expôr e falar de sentimentos é comovente. Como escreve Inês Pedrosa “quando um pai e um filho atravessam abraçados a noite de uma cidade que decidiram tornar sua, não precisam de mais ninguém. Trazem com eles todo o amor vivido e por viver e a certeza de que, porque existem um no outro, nada nunca lhes faltará”. E a mãe, esse Amor maior, mora neles.
Todo o terror é impotente perante aquilo que nos devolve a alma intacta: o Amor.
Um sentimento raro, que não está ao alcance de muitos. Este pai e marido é uma excepção. Eu (e muitos como eu) não conseguiria ter tamanha luz em mim para fazer como ele.
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Por isso destaquei o gesto. Não sei também se encontraria em mim forças para não odiar. É tão mais fácil.
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