Estou a escrever sobre mulheres que decidiram que não seriam nem vítimas, nem coitadas. Em comum há uma história de abuso e de violência física e verbal.
É sobre a verbal que me vou debruçar agora, em traços breves, pois a palavra pode deformar mais que o soco.
Quando um homem (quando alguns homens para ser justa) quer humilhar uma mulher recorre habitualmente a três vocábulos: cabra, vaca e puta.
A lógica por detrás da retórica é simples: trata-se da tentativa de a desvalorizar comparando-a a um animal ou questionando a moral sexual da mesma.
A vida é pródiga em paradoxos, é o que digo habitualmente a estas mulheres, mais irracional que um animal (que nalgumas culturas até são sagrados) é quem necessita de humilhar ou vilipendiar o outro.
Em pleno século XXI alguns homens educados de forma castradora entre as mulheres para “casar” e as mulheres “para foder” (tanta mãezinha culpada pela violência exercida sobre outras mulheres ) consideram que a pior ofensa que se pode fazer a uma mulher é chamá-la de meretriz, reduzindo-lhe o “valor sexual”. A essas mulheres digo que não se trata de uma ofensa, mas de um elogio, pois revela medo. Nada intimida mais um homem ( ou alguns homens ) do que uma mulher bem resolvida e descomplexada (e se for bonita , inteligente e independente então morrem de medo).
Habitualmente os abusos verbais passam também pelo clássico: “vai-te foder”. Recentemente numa troca de mensagens sobre um outro tema um conhecido fez uso do “clássico”. Respondi-lhe, e perdoem o meu francês, ” vou sim com muito gosto, mas será com alguém que não seja impotente como tu”. A conversa e a tentativa de ofensa morreu ali.
Boa noite Helena, sou homem, gostei muito deste texto e concordo plenamente com o conteúdo e a forma.
Só uma nota, se calhar “tanta mãezinha culpada pela violência exercida por outras mulheres” seria mais “sobre” outras mulheres, não?
Um abraço.
Vou passar a seguir este blog.
Rui Cunha
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Muito obrigada pelo comentário e pela correção. Vou alterar o texto.
Um abraço.
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Brutal, ou como os dos Estados Unidos dizem “fucking awesome”
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