Estou aqui enrolada como um poente a pensar no dia de hoje. E espero estar à altura da grandeza do gesto que me brindaram.
O 27 de Maio é o dia da mãe na Bolívia e o dia das Heroínas de Coronilla, mulheres que aqui em Cochabamba, em 1812 lutaram contra o colonialismo espanhol sendo massacradas.
Os jornalistas das rádios comunitárias indígenas com quem estou a trabalhar – alguns fizeram viagens de mais de dois dias de autocarro pelas estradas bolivianas para estarem presentes na formação – prepararam uma surpresa inesquecível.
Quando acabávamos o almoço, aqui tudo é partilhado, pediram-me que sentasse no centro de um círculo de cadeiras, rodeada à esquerda e direita pelas cozinheiras, também elas mães, e pelas restantes mulheres do grupo. Na mesa colocaram um bolo, artigo de luxo para a maioria dos bolivianos e copos com refresco de chicha ( uma bebida fermentada à base de milho). Depois entoaram uma canção tradicional ” As mãos de minha mãe querida” e entregaram a cada mulher presente na sala um ramo de flores. Um a um cumprimentaram-me com dois beijinhos e uma saudação em aymara e quechua, arrancando-me uma lágrima furtiva.
Nunca um bolo, com recheio de carinho, me soube tão bem.
Estes pequenos gestos cheios de amor fazem-me que acreditar que o mundo não está apenas cheio de gente, mas sim de pessoas.
“Estes pequenos gestos cheios de amor fazem-me que acreditar que o mundo não está apenas cheio de gente, mas sim de pessoas.” Isto é frase para perdurar! Gostei muito!
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