Esta manhã quando liguei a radio estava a dar a irónica e provocadora prece de Janis Joplin “Oh Lord…”
Sai do Hotel e detive-me a conversar uns minutos com uma idosa que pede em frente à Igreja da Recoleta. Mariluz teve 14 filhos, vários morreram, outros estão no Brasil ou espalhados pela Bolívia. Os bolivianos que recebe dos filhos não lhe cobrem a existência e a dos netos de que toma conta. Perguntei-lhe o que lhe doía mais se a ausência dos filhos se a solidão. Sorriu com suavidade. “Dói-me o tempo”.
Fiquei a pensar na poesia da resposta e que muitos se dirigem ao “Lord” com pedidos. Poucos se lembram de agradecer o mistério da existência e poder transformador dos afectos.
Que o tempo nunca nos doa.