Dormia profundamente quando aconteceu. Plomppp. Papapappa. O espelho da casa de banho, no meu primeiro apartamento, soltou-se da parede, do lugar onde havia estado nos últimos anos, estilhaçando-se sem razão. O prego cedeu. Porquê naquele instante? E o que acontece a um prego feito de aço para que decida que não pode mais?
Quantas vezes na vida despertamos sobressaltados porque os pregos que nos sustentam perdem a resistência, cedem cansados ?
Lembrei-me da queda do espelho ao ler um artigo sobre a velocidade a que se vive hoje, sempre com a sexta velocidade engatada, como se tudo fosse para ontem. Até o amor. Nesta voracidade esconde-se uma cilada: a da urgência emocional.
Se perguntassem a muitos de nós o que associam ao amor acredito que muitas das respostas seriam: paixão, adrenalina, desespero, desejo, sexo. O sexo urgente até pode ser fantástico, porém amor é mais do que pele, peso, línguas a despertar vertigens e êxtase. Queremos um “amo-te” em nanosegundos, que o telefone toque incessantemente. Não temos tempo para perder. Quantos desencontros não acontecem nessa tragédia chamada pressa?
Com demasiada frequência nos esquecemos de dois pregos do amor: a ternura e a paciência. Cuidar da ternura, alimentá-la com pequenas gentilezas e não exigir tudo já, agora, de imediato serão talvez a fórmula mais eficaz de o manter.
Respondendo à pergunta de um amigo, se as mulheres se satisfariam apenas com mimo, diria que o “amor cabe no breve espaço de beijar” e que “se pode viver toda a vida do sabor de uns lábios”, da memória de uns dedos da deslizar no rosto. Sem urgência, com sossego.
preceisamos de slow para tudo. Get a bike.
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Já tenho bike e gosto muito.
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