Lembram-se de Ayaan Hirsi Ali, ameaçada de morte devido à sua participação num filme sobre a opressão das mulheres e o Islão, do realizador holandês Theo Van Gogh, assassinado em 2004?
Lembram-se da reacção violenta às caricaturas do Profeta publicadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten? Foi um por um fio de cabelo que a redacção do jornal escapou a um banho de sangue às mãos de uma “franchising” europeia da AlQaeda.
Lembram-se da história da professora britânica a trabalhar no Sudão condenada 40 chicotadas, um ano de cadeia e multa, por blasfémia por ter baptizado um ursinho de peluche com o nome de Maomé (o nome de um menino seu aluno, que tantos outros milhões de meninos usam o nome do Profeta)? A professora teve sorte, ou melhor beneficiou de uma intervenção musculada da diplomacia britânica, porque o bondoso e tolerante povo sudanês saiu à rua a gritar: “Nada de tolerância!”, “Matem-na! fuzilem-na!”.
Lembram-se do ataque, com um cocktail molotov, ao jornal humorístico francês Charlie Hebdo quando publicou uma edição “editada” por Maomé para “celebrar a vitória do partido islamista na Tunísia”?
Lembram-se de Asia Bibi, primeira mulher, uma cristã, a ser condenada à morte no Paquistão por blasfêmia e que ainda aguarda a execução da sentença?
A lista é extensa e a ela somam-se agora as manifestações violentas contra o filme amador ” A Inocência dos Muçulmanos”. Quem tenha visto o filme no You Tube constata que é abominável, um insulto gratuito e dispensável aos muçulmanos. Porém nada, NADA, justifica que a “rua árabe”, incitada por radicais como o líder do Herzbollah libanês Hassar Nasrallah, cuja televisão Al-Manar se destaca pelo mais desprezível anti-semitismo figurando os judeus com focinho de porco, se amotine, assassine e invada representações diplomáticas, lance fatwas e ameace jornalistas.
As piores e mais cruéis caricaturas de Maomé, as maiores ofensas ao profeta têm sido assinadas pelos que matam impiedosamente em seu nome, pelo radicalismo islâmico brutal e intempestivo, não pelos cartoonistas dinamarqueses, não pelos humoristas franceses, nem por nenhum cineasta amador néscio.
Nas últimas semanas na Arábia Saudita muito se tem discutido a segregação feminina, donde até surgiu a ideia de criar uma “cidade” de negócios só para mulheres, evitando que haja “cumbibio” com homens.
Há uns anos estava eu a viver no Egipto quando se deu uma polémica, o responsável pelo departamento de hadiths da Universidade de Al-Azhar defendeu que um homem e uma mulher, não familiares, poderiam estar sozinhos numa sala desde que a mulher amamenta-se o estranho, através duma passagem do Corão que diz que uma criança orfã quando amamentada cinco vezes por uma mulher doutra familia passa a ser sua filha. A polémica gerada foi enorme mas alguém me disse, o que o Ezzat Attiya realmente queria demonstrar era que liberdade para as mulheres, só quando as galinhas tiverem dentes.
http://txticulos.wordpress.com/2010/11/02/pelas-barbas-do-profeta/
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Nalguns países ser-se mulher é equivalente a estar-se condenada a prisão perpétua, lamentavelmente…
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E o futuro não augura nada de bom, infelizmente.
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Pois eu acredito no futuro…
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Eu também embora por vezes quase ceda à tentação de desanimar…
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Helena, acho que tem toda a razão neste texto. A “rua árabe” é medonha assim como quem a manipula.
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