O pedido de levantamento da imunidade do Presidente da República alemão, feito na quinta-feira pelo Ministério Público de Hannover, foi a última peça de um dominó há muito em desiquilíbrio. A posição de Christian Wulff tornou-se insultentável e ele fez o o óbvio demitir-se para não manchar a dignidade do cargo mais alto da Nação. Um passo que peca pelo atraso. O cargo de Presidente, que na Alemanha não tem peso político e é uma instância moral, não se coaduna com a suspeição de corrupção.
Em todo este caso a há três coisas a reter: a independência do jornalismo alemão que não se deixou silenciar ( sejam eles meios privados ou públicos), a independência da justiça alemã, como exemplarmente salientou hoje Angela Merkel, “uma das forças do Estado de Direito alemão é que trata todos por igual” e o saber que a ética, apesar de alguns torções, ainda é a coluna dorsal deste país.
Se há muitos que por aí se declaram orgulhosos em ser “gregos”, pois eu apesar de me chamar Helena, hoje sinto-me orgulhosamente “alemã”.
a independência do jornalismo alemão
Em 1991, aquando da primeira Guerra do Golfo (EUA vs. Iraque), eu vivia na Alemanha e ouvia as notícias na rádio alemã (WDR, creio). Nos noticiários eles não davam notícia nenhuma sobre o evoluir da guerra, diziam simplesmente: “no respeitante à Guerra do Golfo, não temos notícias para dar, na medida em que todas as informações que nos chegam são fornecidas pelas partes em conflito e portanto não são fiáveis”.
Foi há muito tempo, mas eu não me esqueço. Eram jornalistas que não se deixavam intoxicar pela propaganada.
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Frase final de se tirar o chapéu:)
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