Disclaimer: O Pedro Rosa Mendes é meu amigo e um dos jornalistas que mais admiro em Portugal. Pela verticalidade, pela seriedade, pelo talento e maestria com que usa as palavras e sobretudo pela Independência.
Trocámos várias mensagens durante a emissão o “Reencontro” na RTP 1 e numa delas o Pedro disse-me “vou escrever uma crónica sobre isto. Nem que seja a última”.
As palavras de Pedro Rosa Mendes aos microfones da Antena 1 – um retrato em que ninguém fica bem ao espelho, nem a elite portuguesa, nem os engravatados angolanos – incomodaram o “baton da ditadura” e alguns serviçais lusos que vendem princípios a preço de saldo. O jornalista incómodo foi, num trejeito de autoritarismo que Abril não apagou, “saneado”. Se isto não é um escândalo, o que será?
A verdade sobre a “oleocracia” angolana, país onde a cornucópia da riqueza é restrita a alguns e mais de metade da população vive na mais abjecta pobreza ,é uma fronteira que não se atravessa. É um toque de lepra.
Enquanto os políticos angolanos se continuarem a comportar como abutres e os petrodólares esmagarem qualquer resquício de decência ou consciência continuaremos a ter os “pobrezinhos” e os “mutilados” servidos pelo Natal a apelar à lágrima. Os angolanos merecem mais, muito mais que isto. Nós portugueses também. E pessoas com a coragem do Pedro merecem uma profunda vénia.
Importa sublinhar que o adjunto do PM, Pedro Passos Coelho, o inenarrável Miguel Relvas, deu cobertura- assinou por baixo e diferiu…- o pedido de saneamento profissional do Jornalista. Esse o real e vero lead da má notícia, como é óbvio! FR
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Quando e como (de que forma) é que Pedro Rosa Mendes foi saneado? Pode explicitar?
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Luís,
foi dito ao PRM que a administração da RDP was not amused com crónica sobre Angola pelo que, por via telefónica, o jornalista foi informado que a colaboração cessaria esta semana (isto quando já decorriam conversações para renovar a colaboração com o espaço de opinião em causa). Recorde-se que Miguel Relvas jogou um papel relevante no afastamento do jornalista da LUSA.
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Helena,
o afastamento de P. Rosa Mendes da LUSA significou uma perda de emprego? Quando é que esse afastamento se deu? A que se deveu? A esta mesma opinião?
Não considero que o cessar da colaboração com um espaço de opinião deva ser descrito como um “saneamento”, embora possa implicar perda de rendimento para o “saneado”. Para mim, saneamento é mais um despedimento.
Para falar com franqueza, parece-me imprudente, da parte do Pedro, utilizar um espaço de opinião da RTP (note-se que a rádio e a televisão estatais estão agora unidas numa empesa única) para criticar um programa dessa própria empresa. Creio que isso dificilmente seria tolerado em qualquer rádio ou televisão privada. Atualmente a Antena 1 passa com alguma frequência publicidade a programas que a RTP 1 vai transmitir. Como pode a Antena 1 admitir crítica direta a um programa transmitido pela mesma empresa?
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….’Para falar com franqueza, parece-me imprudente, da parte do Pedro, utilizar um espaço de opinião da RTP (note-se que a rádio e a televisão estatais estão agora unidas numa empesa única) para criticar um programa dessa própria empresa.’
Esta argumentação é de facto espantosa. O Pedro como empregado que é da mesma empresa que emitiu o vergonhoso programa não tem nada que criticar esse programa! Se não concorda com ele cale-se e pronto.
Só que, caro Lavoura, esquece-se que a RDP e a RTP são empresas públicas que devem(riam) estar ao serviço do País, de nós todos, e não de um efémero governo. E esse serviço público só se alcança, como é óbvio, permitindo e abrindo-se à crítica das diversas correntes de opinião.
E mesmo que fossem empresas privadas, uma vez que condicionam a opinião pública, não poderiam, muito menos em temas tão de princípios como este, censurar, através do despedimento, a opinião de um dos seus colaboradores.
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A ditadura e a censura agora está no capital. Será que essa ditadura e censura agora é transfronteiriça? Será que ela está a chegar de outros lugares como Angola ,através do poder económico?
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