Com o zelo dos convertidos ao calendário electrónico, uma conhecida perguntou-me, num tom entre o horrorizado e o comiserado, “ainda usas uma agenda de papel?”. “E como é que sincronizas?”. Respirei fundo, ohhommmmm. Não sincronizo. Sou T.M.I.-fóbica.
Tenho uma clássica agenda Moleskine de capa preta, organizada por semanas, com suficiente espaço para fazer anotações (e pequenas notas insanas para mim mesma quando o fim de algumas reuniões parece estar tão longínquo como a galáxia UDFy-38135539). No final do ano arquivo-a como se fosse um esquisso de memórias. A Cloud não tem o mesmo fascínio, nem a mesma textura suave do papel, nem o “cheiro que lembra cheiro de coisas por estrear”, como escreve a Clara Ferreira Alves.
Depois há o lado prático: enquanto os outros ainda estão a fazer log-in ou downloads (isto pressupondo que estão num país onde a internet ou rede telefónica funcione decentemente…) já eu virei a página.
Nada contra gadgets e afins – tenho um iPhone pleno de apps, um iPod touch, estou no Facebook e no Twitter – mas gosto de ter a minha vida nas minhas mãos. Literalmente.