São meninos e meninas, ou pretendem sê-lo, mas já conhecem o abraço da fome.
O berço da humanidade parece mais ser o seu lugar de extinção. A maior seca dos últimos 60 anos afecta a Somália, o Quénia, a Etiópia, o Uganda e o Djibuti. Doze milhões de pessoas estão em risco, mais do que toda a população de Portugal, mais de dois milhões são crianças. Enquanto o mundo assiste. Já lhes fez as cinzas.
“É uma tragédia humanitária de proporções inimagináveis”, constatou o Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. A ONU, as ONG e os governos africanos demonstram uma surpreendente incapacidade de aprender com os erros do passado. A crise humanitária era previsível, até mesmo evitável com um conjunto de medidas simples. Continua a falta vontade (política) para fim à inércia sem culpa. É mais fácil estender a mão à generosidade bem intencionada de tantos. O Ocidente prefere pagar para não ser incomodado, e prefere transformar, como transformou, tantos países africanos em legiões de pedintes.