A minha filha de sete anos adora Playmobil. Estábulos da Playmobil, ambulâncias da Playmobil, barcos de piratas da Playmobil, pirâmides egípcias da Playmobil. Enfim, um “Playmobil Welt”, como ela chama à metade do quarto tomada de assalto pelas figurinhas alemãs, concorrentes da Lego.
Agora que os dias são descorados, curtos, e gélidos, e a neve cobre o jardim, é vê-la, sentada no chão, de olhos cintilantes. Encenando brincadeiras onde é dramaturga, actriz e público. Concilia vozes e silêncios. Rege e harmoniza. Faz reinar entre as personagens-figurinhas-de plástico um vínculo secreto e invisível que dá expressão à sua fantasia. E me prende a mim, que fico a espreitar pela frincha da porta, seduzida pelas suas histórias e personagens.
Agora que a casa se converteu no país do Natal, e mãe se metamorfoseou num duende apressado, claro que o “Adventskalender” – o calendário que ajuda na contagem decrescente até à noite em o menino Deus nasceu – só podia ser da Playmobil. O calendário consiste numa caixa com 24 compartimentos (de 1 a 24 de Dezembro) nos quais se encontra um bonequinho ou afins da Playmobil. Novos habitantes do “Playmobil Welt” .
Hoje foi dia de abrir a primeira janelinha… “as coisas extraordinárias e as coisas fantásticas também são verdadeiras. Porque há um país que é a noite e um país que é o dia”.
Eis a magia da infância, que quando é feliz nos dá algo essencial que resiste ao tempo.